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terça-feira, 19 de março de 2024

4 Horas de Goiânia - Uma estreia e tanto para Renan Guerra e Marco Pisani

Um inicio promissor: Marco Pisani/ Renan Guerra vencendo na estreia deles com Ligier e na classe P1
(Foto: Bruno Terena)

O autódromo de Goiânia mostrou mais uma vez que é território restrito da Ligier. Desde a estréia do modelo JS P320 em 2022 através da equipe BTZ, que foi a pioneira em trazer o modelo LMP3 francês para cá, o protótipo perdeu apenas uma etapa. A forte adaptação ao local e também as altas temperaturas de Goiânia, rederam frutos impressionantes para um carro que tem crescido bastante no gosto dos pilotos e chefes de equipes, tanto que nesta etapa de abertura do Império Endurance Brasil outros três modelos fizeram seu debut: a Autlog trouxe um para o trio formado por André Moraes Jr/ Flavio Abrunhoza/ Leandro Ferrari; a novata Foresti Sport tem o seu que foi pilotado por Victor Foresti/ Lucas Foresti; e a KTF Sports com um destinado à Marco Pisani/ Renan Guerra que, assim como os outros que também estreariam com o modelo JS P320, eram oriundos da GT4 - isso sem contar no retorno do Ligier da equipe FTR conduzido por Claudio Ricci/ Fernando Poeta/ Andersom Toso, que voltam à categoria após o carro ter tido um incêndio na etapa de Cascavel ano passado. Juntando estes quatro ao outros dois Ligier, que já estão consagrados nas mãos da BTZ (que são os campeões da categoria com Gaetano Di Mauro/ Guilherme Bottura) e da AMattheis (Xandinho Negrão/ Marcos Gomes), o contingente de seis carros franceses para competir contra os AJR e Sigma, abrem uma ótima perspectiva de como será este campeonato de endurance. 

Os treinos livres deram uma tônica de como poderiam ser estes trabalhos, com Renan Guerra/ Marco Pisani conseguindo cravar o melhor tempo na quinta com o Ligier #31 e com uma ligeira diferença de 88 milésimo sobre o AJR #444 de Vicente Orige/ Sarim Carlesso e de 3 décimos sobre o outro AJR #35 de Pedro Queirolo/ David Muffato. Os demais treinos livres ainda mostraram bastante desse equilibrio, ainda que pese o domínio dos AJR: no segundo treino livre a melhor marca foi de Alexandre Finardi/ Nicolas Costa/ Pedro Maldi com o AJR #30 e no terceiro treino livre foi a vez do AJR #35 de David Muffato/ Pedro Queirolo assumirem a dianteira. 

Esse melhor tempo da dupla que estreou pela TMG Racing nesta temporada, após um bom tempo pela JLM Racing, foi um ótimo presságio para eles já que na qualificação a dupla do AJR #35 acabaria ficando com a pole. Foi um momento muito importante para Muffato e Queirolo, que estão iniciando essa nova jornada na nova equipe. “Estamos aliviados! Acho que fazia dois anos que não largávamos na pole position. Sofremos muito com problemas de motor nos últimos anos. Para começar em uma nova equipe é muito bom”, destacou Pedro Queirolo. 

Essa felicidade da dupla se converteria num inicio vertiginoso e convincente através do bom andamento do AJR #35 que abriu ótima vantagem já no início de prova sobre o AJR #444 de Orige/ Carlesso - que são da JLM Racing, antiga equipe de Muffato/ Queirolo. O carro não deu nenhum sinal de fraqueza, com ambos os pilotos conseguindo um bom ritmo em seus stints sem nunca deixar cair o rendimento mesmo com o forte calor. Infelizmente, num dos últimos pit-stops, o pneu traseiro esquerdo não teve a porca bem fixada e eles acabariam perdendo muito tempo no box, jogando fora a chance de vencer uma corrida que estavam em suas mãos. Para completar o pacote de azares,a porta do lado esquerdo não fechava, mas isso era o de menos: o período perdido ali foi crucial para que o melhor carro da prova não ficasse com a vitória. 

Este domínio do AJR #35 por quase toda a prova deixou bem claro que, para alguém sonhar com algo melhor, teria que torcer para que o carro tivesse algum problema. Com esse azar (mais um) de Muffato/ Queirolo, a corrida ficou em aberto para dois Ligier: Marcos Gomes/ Xandinho Negrão estiveram brilhantes nessa corrida com um ritmo muito forte, sendo a segunda dupla mais veloz da corrida, mas ficava claro que uma vitória era bem mais dificil por conta dos implacáveis Pedro Queirolo/ David Muffato. Com o problema destes, o caminho parecia aberto para a vitória, mas eles precisavam de um Splash & Go para completar a corrida e se isso fosse feito em Safety Car, a chance de ganhar era enorme, mas em bandeira verde, a situação tornaria-se irreversível. Esse SC nunca veio e eles precisaram entrar para a sua parada rápida para completar o tanque. A chance de Renan Guerra/ Marco Pisani no outro Ligier #31 tinha aparecido.

A corrida feita por Guerra/ Pisani foi brilhante também. Ao mesmo modo de seus outros dois rivais, eles estavam num ritmo muito bom com os dois pilotos, sendo que Renan conseguia poupar bastante o combustível e Pisani conseguia andar extremamente rápido quando era preciso. A boa economia feita por Guerra, aliado a ótima velocidade de Pisani, deu uma janela importante para eles já que não precisariam parar mais para um reabastecimento rápido no final da corrida. Pisani foi sensacional em sua condução no stint final, levando muito bem o carro a uma vitória importante ao lado do também brilhante Renan Guerra, que esteve espetacular quando tomava posse do Ligier. Pisani destacou bem essa inédita conquista deles na classe principal: “Inacreditável. Acho que ainda não caiu a ficha. A gente teve pouco tempo com o carro, mas contamos com o apoio da equipe (KTF Racing). O resultado aqui foi feito fora da pista. Foi 90% fora da pista e 10% na pista. É incrível sair da GT4 onde a gente toma 5, 7, 8 voltas dos protótipos. Fazer isso tudo com concorrentes de peso, pilotos sensacionais de primeira categoria… não tenho nem o que falar. Só quero agradecer”.

A segunda posição para o Ligier #9 de Xandinho Negrão/ Marcos Gomes pode ter soado como uma vitória para eles já que a classificação foi sofrível, mas ainda assim não foi tão satisfatório: “Foi um fim de semana com uma performance bem aquém do esperado, do que a gente tem de equipe e pilotos. Conseguimos ainda salvar um P2 super importante para o campeonato. A estratégia foi perfeita. Agora é trabalhar para voltar a 100% da nossa velocidade e disputar esse campeonato, que tem tudo para ser o mais competitivo da história da P1” destacou Marcos Gomes. O engenheiro da equipe, Guilherme Gonçalves, reforçou a ideia de melhorar muitos pontos que foram abaixo nessa etapa de abertura: “Certamente temos uma lista de coisas bem grande a fazer para a próxima etapa, principalmente do ponto de vista de performance do carro. Algumas mudanças que a gente decidiu fazer do ano passado para esse certamente não corresponderam e precisamos trabalhar para buscar mais performance”

Os demais Ligier tiveram diferentes destinos: enquanto que dois estavam na briga pela vitória, o #42 da Foresti Motorsport, com Lucas Foresti/ Victor Foresti, tinham terminado na quinta posição, mas acabaram levando dez voltas de acréscimo ao final da prova por não terem cumprido um procedimento numa das paradas de box. Inicialmente, com essa punição, cairiam para oitavo, mas acabaram entrando com recurso e a penalização foi retirada, voltando, assim, a quinta posição. Os Ligier das equipes BTZ e FTR abandonaram com problemas mecânicos.

A TechForce, que comanda as ações do Sigma G5 P1 #12, também enfrentou alguns percalços nessa etapa, mas a sua parte final foi forte o suficiente para garantir a terceira posição com o trio formado por Marcelo Vianna/ Christian Rocha/ Sergio Jimenez. O inicio da corrida para eles pareci bem forte, mas tiveram uma queda de performance que o fizeram despencar na classificação e, no decorrer da prova, ainda tiveram que lidar com o vazamento intenso de óleo do AJR #444 que sujou bastante o para-brisa do carro. O chefe da equipe e que também estava inscrito neste caso acontecesse algo com algum dos pilotos, Jindra Kraucher, falou sobre o desempenho da equipe nessa etapa: “O problema do óleo acabou com o stint do Marcelinho. Ainda por cima, quando o Christian assumiu para o seu stint, o Safety Car passava pela reta e ficamos presos mais uma volta na saída dos boxes. Mas eu diria que estava ruim e ficou bom. O carro estava perfeito, o Serginho [Jimenez] andou rápido e constante como sempre, o Christian que era novato fez um ótimo stint, muito constante e sem erros. Saímos satisfeitos de Goiânia e motivados para fazer melhor na próxima etapa”. O outro Sigma G5 P1 #11 da equipe FTR Motorsport, pilotado por Emilio Padron/ Fernando Ohashi/ Henrique Assunção, teve problemas na qualificação e fizeram uma boa prova de recuperação, conseguindo fechar na sexta colocação e vencendo na subclasse "P1 Legends"

Os AJR poderiam muito bem ter conseguido bons resultados com três dos quatro carros presentes, mas apenas o #35 de Muffato/ Queirolo é que teve a grande chance de vencer e que não aconteceu por motivos já citados mais acima. O #444 da JLM Racing de Orige/ Carlesso sofreram bastante com o vazamento de óleo - que gerou algumas reclamações de outros competidores - o que forçou algumas visitas a mais nos boxes para reposição de óleo; o AJR #30 da Power Imports, pilotado por Alexandre Finardi/ Nicolas Costa/ Pedro Maldi, teve um inicio bem promissor com o ritmo muito forte de Nicolas Costa, mas depois passaram a ter problemas no câmbio e em seguida com a asa traseira pra mais tarde abandonarem; o terceiro AJR, #26 da Mottin Racing de Adriano Baldo/ Gustavo Martins/ Oswaldo Sheer, tiveram problemas desde o inicio da corrida e abandonaram na volta 26 com problemas no motor.


Vitória para a Porsche na GT3 e GT4

Uma vitória tranquila na despedida do multi campeão 911 GT3 R
(Foto: Ricardo Saibro)


Essas duas classes ficaram bem esvaziadas devido aos problemas com os envios dos demais carros, que estava na Alemanha para revisão, não conseguirem chegar a tempo por conta da greve naquele país. Dessa forma, a classe GT3 se viu com apenas três carros - o Porsche 911 GT3 R #55 da Stuttgart Motorsport (Marcel Visconde/ Ricardo Mauricio/ Marçal Müller); o Mercedes AMGT GT3 #83 do Team RC com Maurizio Billi/ Marco Billi/ Max Wilson; e o outro Mercedes AMG GT3 #63 da Tech Force conduzido por Guilherme Ribas/ Sergio Ribas.

Nessa classe a vitória ficou para o Porsche #55 após uma prova tranquila que o trio, vencedor das Mil Milhas,  conseguiu manter sob controle e contou com problemas no Mercedes #83 que acabou abandonando na volta 103 quando Max Wilson estava no comando. A segunda posição ficou para o Mercedes #63. 

Os três pilotos do Porsche #55 comentaram sobre essa conquista na abertura do campeonato:

Marcel Visconde: “Foi uma vitória merecida da equipe. Cumprimos nosso dever de colocar o carro no grid e de fazer as quatro horas de prova. Estamos muito contentes porque fizemos nosso trabalho e o resultado foi colhido”.

Marçal Müller: “Foi um ótimo fim de semana. É bom começar o ano vencendo e marcando pontos importantes para o campeonato”.

Ricardo Mauricio: “Começar vencendo é muito bom. Tomara que o carro novo chegue a tempo de podermos entendê-lo e, quem sabe, conseguir mais vitórias e mais um título na GT3”.

Para este modelo GT3 R, que venceu o campeonato da classe em 2023 e ganhou as Mil Milhas em janeiro passado, é o canto do cisne, já que a principio não estaria em Goiânia, mas o atraso na chegada do novo GT3, acabou sendo recrutado para levar este trio à conquista mais uma vez.

Na GT4 a Porsche teve uma disputa caseira, já que, à exemplo da GT3, também estava esvaziada. O dois 718 estiveram na ponta em diversas situações, mas a vitória acabou ficando para o #21 pilotado por Allan Hellmeister/ Jacques Quartiero - que ainda pagaram um punição por terem ficado menos tempo numa das paradas de box. Eles contaram com problemas no ABS do gêmeo #718 pilotado por Luiz Landi/ Eric Santos/ Giuliano Bertucelli (João Tesser pilotaria também, mas na noite anterior foi diagnosticado com dengue e não pôde correr), que teve essa avaria por conta de algum detrito que teria rompido o chicote do dispositivo. "O suporte falhou, o chicote do ABS ficou pendurado e raspando no pneu, até o momento em que partiram-se os fios do sensor de velocidade de roda. Aí dá falha do ABS. O freio continua funcionando normalmente, mas você não tem o sistema de ABS e tem que desligar o sistema para que não fique dando alarme e atrapalhando o piloto", disse Felipe Grizzi, engenheiro e chefe da equipe Stuttgart Motorsport.

Vitória do professor e aluno, já que Hellmeister foi instrutor do Quartiero no inicio de carreira
(Foto: Ricardo Saibro)


Os pilotos dos dois 718 comentaram sobre o desempenho nessa prova:

Jacques Quartiero: “Estou muito emocionado. O Alan foi meu professor quando comecei a treinar para estrear no automobilismo. Só agora conseguimos correr juntos. Foi uma corrida difícil porque tivemos uma penalização, mas no fim tudo deu certo”.

Alan Hellmeister: “Foi nossa primeira prova juntos e começamos com vitória. Estou muito contente, é um ótimo começo.”

Luiz Landi: “Nosso problema foi o rompimento do chicote do sensor do ABS, devido a algum atrito. Fiz todo o último stint sem ABS e por isso eu tinha que frear antes, e às vezes alguma roda travava. Dei uma rodada no fim da reta e por sorte não aconteceu nada, pude voltar para a corrida. ‘Peguei a mão’ do carro sem ABS e consegui andar rápido, mas perdemos a liderança da GT4”.

Giuliano Bertucelli: “Foi muito legal, até mais do que eu imaginava. O carro é muito gostoso de pilotar. Chegamos a liderar, mas tivemos uma pane e o carro andou boa parte do tempo sem ABS. Já estou pensando na próxima corrida!”.

Eric Santos: “Larguei e consegui estabelecer um ritmo legal de corrida. Foi uma estreia, precisei aprender a lidar com o tráfego. Estava muito quente, e nessas horas ter ar condicionado dentro do carro sempre ajuda!”.

Na terceira posição ficou o BMW M2 Clubsport #64 da MC Tubarão e pilotado por Henry Visconde/ Enzo Visconde/ Kim Camelo. Este trio nem pôde largar, já que tiveram problemas eletrônicos, mas os problemas foram resolvidos e assim conseguiram entrar para a corrida.

Para a próxima etapa, que será realizada em Interlagos no dia 11 de maio, espera-se a presença dos carros que não puderam vir para esta etapa de Goiânia, assim como a reativação da classe P2.


domingo, 12 de novembro de 2023

4 Horas do Velopark - Problemas, chuva e vitória para Xandinho e Gomes

 

O Ligier JS P320 de Xandinho Negrão/ Marcos Gomes enfrentando o aguaceiro no Velopark
(Foto: Bruno Terena)

As corridas no pequeno traçado do circuito do Velopark costumam ser bem intensas, justamente pela natureza do autódromo situado em Nova Santa Rita onde o tráfego é sempre um desafio a ser considerado, principalmente pela diferença entre as três classes do Império Endurance Brasil. Dessa vez, as coisas não foram diferentes e alguns contratempos forçaram os principais favoritos ficarem pelo caminho e ainda teve a chuva, que deu uma embaralhada nas cartas na parte final da classe GT3.

O primeiro grande favorito, que se destacou logo de cara, foi o AJR #28 de Sarin Carlesso/ Gustavo Martins que saiu da pole e que fez uma primeira hora muito forte, indicando que a chance de vitória era iminente. Mas problemas no carro começaram a aparecer na metade da prova quando ocupavam a terceira posição e passaram a despencar na classificação, para mais tarde abandonarem com problemas no câmbio. Da mesma forma que este #28 da JLM, os demais AJR não tiveram uma grande tarde: o #35 da JLM (Pedro Queirolo/ David Muffato) enfrentaram problemas e não tiveram chance alguma de conquistar algo melhor do que o oitavo na geral e quinto na P1; o #99 da Box99 (Leandro Romera/ Pietro Rimbano), vencedora da Cascavel de Ouro, conseguiram recuperar voltas de atraso com as entradas de SC e entraram na disputa pela vitória pressionando bem ora o Ligier #9, ora o AJR #75, mas um toque com o Mercedes #83 de Marco Billi/ Mauricio Billi/ Max Wilson – quando este último estava no comando durante a chuva – acabou arrebentando parte da asa traseira e tirando deles a possibilidade de lutar pela vitória, ficando em segundo. O #75 (FTR) de Henrique Assunção/ Fernando Fortes também apareceram muito bem, mas o uso do pneu de chuva ainda quando a pista estava seca, os levaram a cair na tabela da classificação e infelizmente tiraram deles uma boa possibilidade de tentar a vitória. Fecharam na sexta posição na geral e em terceiro na P1.

Outro que parecia ter ritmo para tentar a vitória era o Sigma #12 de Aldo Piedade/ Marcelo Vianna/ Sergio Jimenez/ Jindra Kraucher que acabou recebendo uma batida por trás do Mercedes #31 de Marco Pisani/ Renan Guerra quando Pisani estava ao volante no final da reta oposta. Isso acabou quebrando o eixo traseiro esquerdo e forçando o abandono prematuro do carro da equipe TechFoce. Pegando gancho em relação aos Sigmas, esta não foi uma corrida generosa com eles: além do #12, os dois da Motorcar não tiveram uma boa jornada. O #11 de Emilio Padron/ Fernando Ohashi/ Arthur Gama estava com bom ritmo e chegaram desafiar o #28 da JLM, mas houve um entre os dois carros com o lado esquerdo do Sigma ficando danificado. No decorrer da prova o ritmo do #11 começou a cair e o trio abandonaria na volta 51. O outro Sigma da Motorcar, o #444 conduzido por Vitor Genz/ Vicente Orige/ Luiz Bonatti, não tiveram o mesmo ritmo que os coroaram nessa mesma pista no mês de julho, quando conquistaram a vitória, e terminaram na sétima posição na geral e em quarto na P1.

Os Ligier também não ficaram de fora dos problemas, seja antes ou durante a corrida. Pior para o #117 da BTZ (Pedro Burger/ Gaetano Di Mauro) que abandonaram na volta 69 quando sofreram um apagão em plena reta dos boxes.

Se o Ligier da BTZ não teve uma boa jornada, o #9 da Andreas Mattheis teve um inicio complicado já nos treinos e que seria esticado até a madrugada, quando foi feita a troca de motor no carro depois da equipe não ter ficada satisfeita com o rendimento na qualificação. Na corrida, foi um jogo de paciência para escapar das armadilhas de um tráfego intenso, entremeado com a pilotagem precisa de Xandinho Negrão e Marcos Gomes, que apareceram como favoritos ainda na primeira meia hora de corrida. Com os demais que iam à frente enfrentando problemas e/ou incidentes, eles já estavam na liderança na metade prova e por ali ficaram. Sofreram um susto quando sofreram um leve toque do Sigma #444, mas nada que tirassem deles a oportunidade e na chuva foram precisos, continuando com a tocada perfeita após a paralisação por conta da forte tempestade.

A vitória veio, a segunda deles no campeonato, mas desta vez em pista, já que em Goiânia, na rodada dupla de setembro, eles venceram a primeira prova após a vistoria técnica desclassificar o Ligier #117. Xandinho Negrão comentou sobre essa conquista no Velopark, aproveitando, também, para parabenizar toda equipe pelo empenho: “É sempre diferente quando se ganha na pista. Estou muito feliz. Os mecânicos fizeram um trabalho incrível e ficaram até às três horas da manhã trocando o motor. A equipe está de parabéns, foi muito emocionante e muito legal e quero agradecer a todos pelo apoio”. Marcos Gomes também destacou a conquista, assim como a chance de conquistar o título na derradeira etapa em Velo Città: “Estou muito feliz com nossa primeira vitória na pista. Queria parabenizar toda a equipe pelo trabalho excelente. Agora, vamos para a última etapa com chances reais de título na geral, o que ainda não conquistei em minha parceria com o Xandinho, mas espero que seja neste ano!”

Mercedes e Mustang vencem nos GTs

 

O Mercedes "Caolho" de Maurizio e Marco Billi e Max Wilson, os vencedores da GT3
(Foto: Bruno Terena)

A GT3 teve um bom cenário desde o início quando viu o Mclaren 720s GT3 #16 da Blaumotorsport, pilotada por Marcelo Hahn/ Allan Khodair, liderar com um ritmo forte e se credenciando para a vitória. No término da primeira hora de corrida, o Mclaren apresentou problemas de câmbio que deixou o carro travado na segunda marcha e por mais que tivessem tentado resolver, acabaram abandonando. O caminho ficou aberto para que os Mercedes do Team RC #83 (Marco Billi/ Mauricio Billi/ Max Wilson), #27 (Caca Bueno/ Ricardo Baptista) e #8 (Guilherme Figueroa/ Julio Campos) e o Porsche #55 da Stuttgart Motorsport (Ricardo Mauricio/ Marçal Muller/ Marcel Visconde) entrassem numa enorme batalha.

O Mercedes #8 teve a sua vida complicada com dois furos de pneus no lado dianteiro direito, que os tiraram da briga pela vitória ao abandonarem na volta 138. No entanto, a batalha continuou entre os outros três, com a chance pendendo inicialmente para o Porsche #55 e depois passando para os dois Mercedes do Team RC.

Um pouco antes da paralisação por conta do temporal, Max Wilson, no comando do Mercedes #83, esteve em evidência quando optou em usar pneus de chuva assim que o aguaceiro se fez presente e passou a rodar mais rápido que os protótipos, criando, assim, uma possibilidade, ainda que remota, de tentar beliscar uma vitória na geral – ainda precisando descontar uma desvantagem de duas voltas. Foi neste momento que ele teve um toque com o AJR #99, que danificou a parte dianteira direita do Mercedes e a asa traseira do #99.

Após a paralisação, tivemos um duelo intenso entre o #83 e o #27, quando este último, com Caca Bueno no comando, acabou sendo ultrapassado por Max Wilson. O #27 ainda perderia a segunda posição da classe para o Porsche #55, que contava com Ricardo Mauricio no comando e que tentou uma aproximação ao Mercedes #83. Max Wilson conseguiu controlar a distância e passou para vencer, seguido pelo Porsche #55 e do Mercedes #27 – na geral, terminaram em terceiro, quarto e quinto respectivamente. Marco Billi comentou sobre a conquista na classe: “Foi muito bom voltar assim, em grande estilo, com vitória. Fazia tempo que não andávamos na frente. O carro estava bastante competitivo, todos nós conseguimos imprimir um ritmo de corrida muito forte e acertamos o momento de fazer a troca para os pneus de chuva. Foi uma vitória muito importante para nós”

Essa classe não contou coma participação do BMW M4 GT3 #15 da EMS Motorsport pilotado por Átila Abreu/ Leo Sanchez, que saíram dessa etapa em protesto por conta do BOP que, segundo eles, os penalizavam entre 7 e 8 décimos de desvantagem em relação aos aspirados. No entanto, a categoria rebateu que foi feito uma compensação no aumento da pressão do turbo em 6% e uma redução de 10kg.

A festa de Leandro Ferrari e André Moraes Jr
vencedores da GT4
(Foto: Bruno Terena)
Na GT4 os principais favoritos tiveram seus contratempos: no Mercedes #31 da Autlog Racing (Marco Pisani/ Renan Guerra) acabaram sendo desclassificados quando Pisani acertou a traseira do Sigma #12 e forçou o abandono do protótipo com a quebra do eixo traseiro esquerdo – e ainda teve o lance que quase provocou um acidente com o Ligier #117 da BTZ, quando Pisani mudou repentinamente em direção a entrada dos boxes e forçou Pedro Burger a sair pela grama justamente quando estava em batalha contra o Ligier #9.

Este cenário parecia bem favorável ao Porsche #21 de Jacques Quartiero/ Danilo Dirani que estão na
briga pelo título da classe justamente contra o #31, mas um acidente quando Quartiero estava no comando do Porsche após o trecho do túnel, os forçaram abandonar.

O caminho ficou aberto para a conquista do Mustang #22 da Autlog (Leandro Ferrari/ André Moraes Jr.), nesta que foi a primeira conquista deles no ano com o Mustang. Luis Landi/ tom Filho/ Marçal Muller ficaram em segundo com o Porsche #718 da Stuttgart Motorsport e em terceiro fechou o Audi #5 da MC Tubarão pilotado por Henry Visconde/ Marco Tulio – a equipe ainda sofreria um susto quando o BMW M2 #64 conduzido por Victor Foresti/ Lucas Foresti teve um principio de incêndio na parte final da corrida, mas sem consequência para os pilotos e o carro. Leandro Ferrari comentou sobre essa vitória com o Mustang: “A gente merecia muito alcançar essa vitória. Fazia tempo que não conseguíamos ter uma sequência com esse carro. Sofremos com quebras, problemas. Mas neste final de semana não. Foi perfeito. Treinamos bem, fizemos a pole e conquistamos uma vitória incrível. Estamos muito felizes”

A etapa final do Império Endurance Brasil acontecerá no Velo Città, nos dias 8 e 9 de dezembro.

domingo, 22 de outubro de 2023

37ª Cascavel de Ouro - A melhor prova até aqui do Império Endurance Brasil

A largada da 37ª Cascavel de Ouro, válida pela sexta etapa do Império Endurance Brasil
(Foto: Rodrigo Ruiz)

Tenho um apreço por corridas tradicionais de Endurance fazendo parte do calendário de grandes categorias da modalidade. Quando soube que a esta 37ª Edição da Cascavel de Ouro, que teve a sua primeira edição em 1967, faria parte do calendário do Império Endurance Brasil, fiquei bastante satisfeito. Acaba sendo um resgate importante de quando corridas tradicionais dessa disciplina eram frequentadas por grandes protótipos e carros esportivos, trazendo o que tinha de melhor destas provas que normalmente reúnem a paixão e tecnologia em volta. 

Esta edição de 2023 da tradicional prova do automobilismo paranaense e brasileiro, fez justamente isso: reuniu o que há de melhor na engenharia do do nosso automobilismo, colocando à prova os nosso protótipos nacionais (AJR e Sigma) para enfrentar a tecnologia e força do que há de melhor entre os protótipos europeus (Ligier), isso sem contar com a grande batalha deflagrada entre tradicionais GT3 em sua categoria, assim como os GT4. 

Essa prova tornou-se uma das melhores da disciplina em anos com muitas variáveis, seja no quebra-cabeça que foi para achar o melhor consumo de combustível sem ter que prejudicar o desempenho - já que esta foi a primeira aparição da categoria em Cascavel - e ainda por cima, tiveram que lidar com a surpresa dos pneus que tiveram uma série de furos - uma combinção bem explosiva entre asfalto abrasivo e uma curva sensacional como a do Bacião - que resultaram em reviravoltas. 

É um sonho bem distante - e difícil - , mas seria legal ver o calendário da categoria composta, pelo menos, com mais duas corridas tradicionais.


Uma aula de pilotagem e vitória do Box99

A festa de Leandro Romera, Ricardo Rodrigues e Pietro Rimbano
(Foto: Bruno Terena)

A expectativa pela batalha entre as três fabricantes de protótipos era esperado. Os treinos livres deram aos Sigma os melhores tempos - principalmente a melhor média da história do circuito cascavelense, atingindo os 205km/h de média através do #444 da Motorcar com Vitor Genz chegando a marca de 54''022 - mas nas melhores médias das qualificações, foi o AJR #28 da JLM, conduzido por Gustavo Martins/ Sarin Carlesso que ficou com a pole. 

A corrida teve um inicio vertiginoso e vale destacar a partir daqui, o trabalho impressionante da dupla do Ligier #9 da Andreas Mattheis formado por Xandinho Negrão/ Marcos Gomes que estiveram desde os primeiros minutos um ritmo bem forte e enfrentando a maior potência dos AJR e Sigma, e também do AJR #35 da JLM Racing de David Muffato/ Pedro Queirolo que largaram do final do grid e subiram para segundo ainda na primeira hora de corrida - formando uma dobradinha momentânea com o AJR #28. 

Os problemas para essa turma iniciou com a pane seca do Ligier #9, mas para a sorte deles acabou sendo na entrada de box; o AJR #28 apresentou problemas e foi logo limado da liderança da prova que acabou caindo no colo do outro AJR da equipe JLM pilotado por Muffato/ Queirolo, mas estes também teriam um pneu furado quando estavam absolutos na liderança ao final da segunda hora. O mesmo aconteceria com o Ligier #9 - este algumas voltas antes do AJR #35 - e também para os Sigmas, que tiveram, além de pneus furados, problemas no eixo traseiro direito. 

Essa série de problemas para os principais carros deu ao AJR #99 da Box99 pilotado por Leandro Romera/ Pietro Rimbano/ Ricardo Rodrigues a oportunidade de assumirem a liderança. A partir deste momento passamos a acompanhar um dos melhores momentos da categoria neste ano, com duas verdadeiras aulas de pilotagem proporcionadas por Leandro Romera e Marcos Gomes. 

A liderança muito bem construída pelo trio do AJR #99 nas duas horas finais, foi posta em jogo quando Marcos Gomes iniciou uma caçada alucinante pela vitória: ele precisava abrir uma vantagem de duas voltas para que pudesse fazer o Splash & Go e tentar, no mínimo, voltar próximo do AJR #99 e tentar no final um bote. O drama para a Box99 residia num problema de superaquecimento que atrasava bastante o andamento de Leandro Romera, que precisou fazer voltas bem mais lentas do que o normal para preservar o equipamento.

Com voltas em média três segundos mais veloz, Gomes conseguiu abrir essa vantagem de duas voltas quando faltavam vinte minutos para o final e quando fez o seu Splash & Go de dois minutos - lembrando que as voltas em Cascavel eram em média 1 minuto - ele entrou nos boxes faltando dezessete minutos para o fim e saiu faltando quinze, já em segundo e com 18 segundos de atraso. Mas o problema do motor no AJR #35 e em seguida o estouro de pneu do Porsche #55 em plena reta dos boxes, que forçou a parada do GT e consequentemente influenciou na entrada do SC.

Faltando 4 minutos para o final, o SC saiu e o duelo entre o AJR #99 e o Ligier #9 se deu com Marcos Gomes tentando o impossivel o miolo do circuito para assumir a liderança e Leandro Romera se defendendo bem, principalmente com o uso da asa móvel nas retas. Apenas na volta final é que houve um vislumbre real, mas não deu tempo para a dupla do Ligier chegar à liderança e a vitória ficou para o AJR #99 com a mísera vantagem de 116 centésimos. A terceira posição ficou para o Ligier #117 da BTZ, que contou com a presença de André Moraes que substituiu Henrique Bonatti que sofreu um acidente na qualificação e ficou de fora por recomendações médicas. Dessa forma, ele fez a dula com Gaetano Di Mauro no Ligier e ainda dividiu o trabalho na condução do Mustang da Autlog na GT4.

“Foi a vitória de uma estratégia perfeita. Tanto de combustível, como de consumo de combustível e divisão dos stints. O Romera guiou demais nas voltas finais. O Safety Car saiu faltando cinco voltas para a corrida acabar e segurar o Marquinhos com um carro que poderia sofrer uma pane a qualquer momento não é fácil. Foi emocionante. Uma vitória histórica” declarou Pietro Rimbano, que junto de seus companheiros Ricardo Rodrigues e Leandro Romera, assim como a equipe Box99, chegaram a primeira vitória após alguns desaires em provas anteriores. 

Marcos Gomes comentou sobre a prova da equipe: “Na última entrada do Safety Car, acho que sujei muito os pneus e o carro começou a sair de frente.Tivemos um pouco de azar com o furo de pneu e com a entrada do Safety Car no final que atrapalhou nossa estratégia. Faltou uma volta para conseguir vencer. Os nossos adversários estão de parabéns pela vitória”. Xandinho Negrão não poupou elogios ao seu parceiro de Ligier e toda equipe: “A corrida foi emocionante. Queria dar parabéns em especial ao Marcos, que acelerou muito, assim como toda a nossa equipe que fez um grande trabalho”

Foram duas aulas de pilotagem, com Marcos Gomes extraindo tudo que podia do Ligier para que pudesse disputar a vitória no últimos 50 minutos e do Leandro Romera, precisando administrar todo o problema de aquecimento do AJR e ainda lidar com a ansiedade de conquistar a primeira vitória. 


Vitória para BMW e Porsche nos GTs

O BMW M4 GT3 da EMS Racing/ Pole Motorsport que venceu na classe GT3
(Foto: Pole Motorsport/ Instagram)


Não foi muito diferente as disputas entre os GT3, sendo que todos ali tinham ótimas chances de vencer na classe. Do mesmo que os carros da P1, os desta classe também sofreram com furos nos pneus, principalmente o Mercedes #27 de Cacá Bueno/ Ricardo Baptista que tiveram dois furos num curto espaço de tempo justamente quando estavam entre os três primeiros e com boas chances de disputarem diretamente a vitória. 

A corrida acabou ficando restrita ao BMW #15 de Leo Sanchez/ Átila Abreu, o Mercedes #8 de Guilherme Figueroa/ Julio Campos e o Mclaren #16 de Marcelo Hahn/ Allann Khodair. Foi um drama os minutos finais para a equipe EMS Racing que precisou se apegar a entrada de um Safety Car que durasse ao menos três voltas para que não precisassem realizar o Splash & Go, caso contrário jogaria a chance de vitória por terra. As preces foram atendidas por conta dos problemas com o AJR #35 e Porsche #55 que forçaram a entrada do SC, mas após a saída deste ainda precisaram lidar com  o assédio do Mercedes #8 nos minutos finais. 

Após tanta tensão, o BMW #15 acabou por vencer após terem o drama de um pneu estourado e também uma rodada, que poderiam muito bem ter colocado tudo a perder. Após a conquista, Átila Abreu comentou sobre essa emocionante vitória: “Estávamos no limite do combustível, mas o safety também permitiu ao Julio Campos colar em mim a poucas voltas da bandeirada e foi difícil segurar a posição. Eu não podia tirar tudo do carro, porque os pneus já estavam muito desgastados. Parecia que poderia estourar a qualquer momento e aí tudo estaria perdido. Mas consegui levar o carro até o final mantendo a liderança e trazer a vitória para casa”.

As demais posições no pódio foram completadas pelo Mercedes #8 de Figueroa/ Campos e o Mclaren #16 de Hahn/ Khodair - algumas horas depois, BlauMotorsports, do Mclaren #16, chegou a entrar com um protesto contra os dois primeiros, mas acabou dando em nada. 

Os vencedores na GT4
(Foto: Bruno Terena)
Na GT4 tivemos uma boa disputa e foi esta foi a classe que passou incólume aos problemas em
Cascavel. O Audi #5 de Marco Túlio/ Lorenzo Massaro/ Henry Visconde estiveram muito bem, chegando a liderar a classe, mas não tinham o ritmo suficiente para bater de frente com o duo da Porsche com os #21 e #718 que ficaram confortavelmente bem nas horas finais e conseguiram cruzar a linha em primeiro e segundo, com o Danilo Dirani/ Jacques Quartiero (#21) e Tom Filho/ Marçal Muller/ Luiz Landi (#718) e em terceiro ficou o Audi #5 da MC Tubarão. Essa prova contou com a ausência do Mercedes #22 da Autlog, que sofreu um acidente nos treinos e não pode ser utilizada. Renan Guerra e Marco Pisani acabaram escalados no  Mustang junto de André Moraes/ Leandro Ferrari.

Jacques Quartiero comentou sobre a vitória: “Voltamos a vencer depois de duas corridas que não foram boas para nós em Goiânia e isso é muito importante para o campeonato. Não foi uma corrida fácil, a primeira metade da prova foi bem complicada, mas depois a equipe conseguiu melhorar o acerto do carro e a durabilidade da Porsche fez a diferença no final”.

O calendário do Império Endurance Brasil foi atualizado, com a confirmações das 4 Horas do Velopark em 11 de novembro e as 4 Horas de Velo Cittá em 9 de dezembro, que vai encerrar a temporada. 

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

3 Horas de Goiânia – Novamente, Ligier

 

O Ligier #9 liderando o pelotão na saída do único SC desta prova: foi a primeira conquista da dupla Xandinho Negrão/ Marcos Gomes com o novo protótipo
(Foto: Bruno Terena)

“O Velopark é totalmente atípico, sobretudo se você comparar os autódromos brasileiros com os europeus. Goiânia se aproxima muito mais do padrão europeu do que o Velopark e o carro foi desenvolvido pensando nessas pistas maiores, com retas maiores, curvas com velocidades um pouco mais altas. Então esperamos que a performance e a acomodação do carro aqui sejam melhores do que no Velopark”. Essa é a declaração do engenheiro Guilherme Gonçalves, que trabalha diretamente no Ligier JS P320 #9 da equipe Mattheis que é conduzido por Xandinho Negrão e Marcos Gomes no certame do Império Endurance Brasil, destacando que esta pista de Goiânia se torna perfeita para extrair todo potencial do LMP3 francês. Todas as provas realizadas no Autodromo Internacional Ayrton Senna desde maio de 2022, quando o primeiro modelo da marca fundada por Guy Ligier chegou por aqui pelas mãos da equipe BTZ, foram vencidas pela própria equipe com este carro. E hoje, num final de semana onde a categoria realizará a sua rodada dupla – para compensar a etapa cancelada em Interlagos no mês de julho – a BTZ não fugiu da regra e cravou mais uma conquista.

Essa 4ª etapa viu a estreia de mais um modelo do Sigma P1 G5 através da Motorcar, que já estava trabalhando com este modelo desde o inicio desta temporada com o trio formado por Vitor Genz/ Vicente Orige/ Luiz Henrique Bonatti no número #444: Emilio Padron/ Fernando Ohasi/ Arthur Gama pilotaram o multicolorido Sigma #11 e logo de imediato cravaram a pole aproveitando-se muito bem da já experiência do time com o protótipo gaúcho – aliás, foi um ótima qualificação para os Sigmas, já que o #444 fez o terceiro tempo e o #2 da Tech Force conseguiu o quarto tempo. A sequência foi quebrada pela segunda posição conquistada pelo AJR #28 da JLM Racing  pilotado por Gustavo Martins/ Sarin Carlesso.

O inicio avassalador dos dois Sigmas da equipe Motorcar foi logo visto com uma largada segura de Emilio Padron no #11 e uma saída agressiva do #444 com Vicente Orige no comando. Na primeira meia hora de corrida, os dois pareciam intocáveis, mas problemas na bomba de combustivel do #444 logo o alijou da briga pela vitória após ficar duas voltas para os reparos. Eles chegaram retornar, mas o contratempo acabou intensificando e eles abandonaram. O #11 ainda ficou na pista, mas a queda de rendimento frente os Ligier acabou relegando-os ao terceiro lugar – uma ótima posição para eles nessa estreia com o novo Sigma.

A Ligier ascendeu ao protagonismo no exato momento em que os Sigmas começaram a cair - #2 da Tech Force também apresentou problemas e abandonou na volta 48. O #9 pilotado por Negrão/ Gomes assumiu a liderança ao ultrapassar o Sigma #11 e estava muito bem na liderança quando o terceiro Ligier, o de #18 da FTR Motorsport pilotado por Claudio Ricci/ Fernando Poeta/ Andersom Toso, rodou na parte mista e o carro apagou. Isso forçou na única entrada do Safety Car da prova, que acabou sendo decisiva: com o reagrupamento do pelotão, Gaetano Di Mauro, no comando do Ligier #117 da BTZ Motorsport, partiu para o ataque sobre o Ligier #9 que estava sob os cuidados de Marcos Gomes. O piloto da equipe AMattheis segurou como pôde os ataques, até seria ultrapassado na reta dos boxes após um pequeno erro na entrada – e que no decorrer da prova descobriria que ele estava com problemas na direção. Com este cenário, ficou cômodo para que Di Mauro chegasse a mais uma vitória da BTZ e da Ligier em Goiânia, seguidos pelo Ligier #9 de Negrão/ Gomes e a terceira posição ficando para o Sigma #11 de Padron/ Ohashi/ Gama, nesta que foi uma ótima estreia do novo carro.

Os AJR tiveram no #28 da JLM o seu melhor representante por largar em segundo e ter conseguido um bom ritmo no decorrer da prova, mas um vazamento do lado esquerdo do protótipo fez com que tivessem uma queda de performance e forçasse o abandono na volta 85. O melhor dos AJR foi o #35 da própria JLM com Pedro Queirolo/ David Muffato que ficaram em quarto após uma prova bem discreta da dupla – que provavelmente cuidaram bastante do equipamento visando a 5ª etapa deste sábado que terá, também, três horas de duração.

Adendo: Horas após o término da prova, como resultado da vistoria técnica realizada, o Ligier #117 da BTZ Motorsport acabou sendo desclassificado por estar baixo do peso total do carro sem o piloto que é de 963kg – o Ligier se encontrava com 960Kg. Dessa forma, a vitória passou para o outro Ligier #9 de Negrão/ Gomes, com o Sigam #11 subindo para segundo e o AJR #35 de Queirolo/ Muffato para terceiro.

Mesmo assim, a invencibilidade do Ligier em Goiânia continua intacta até amanhã.

Nos GTs, Porsche e Mercedes saem vencedoras

 

Mais uma para a conta da Stuttgart Motorsport
(Foto: Bruno Terena)

Na classe GT3 a disputa foi acirradíssima, mas o inicio apontava para uma tarde promissora ao BMW M4 GT3 #15 de Átila Abreu/ Leo Sanchez com Abreu fazendo um começo fortíssimo. Mas o jogo viraria nas horas seguintes quando os pilotos profissionais de cada equipe começaram a assumir o comando de seus respectivos carros. Dessa forma, o Porsche #55 da Stuttgart Motorsport de Ricardo Mauricio/ Marcel Visconde/ Marçal Muller tratou de aumentar o ritmo e assumir a liderança quando faltava menos de uma hora para o fim ao ultrapassar no BMW #15 e partir para uma vitória importantíssima. A segunda posição ficou para o Mercedes #27 do Team RC pilotado por Cacá Bueno/ Ricardo Baptista que herdou a segunda posição assim que o BMW perdeu o primeiro posto. A terceira posição foi do outro Mercedes AMG GT3 #3 da equipe BOAT M3/ KTF pilotado por Alexandre Auler/ Guilherme Salas que estiveram muito bem, inclusive chegando a liderar algumas partes desta etapa. Foi uma tremenda pena o Mclaren 720S GT3 #16 da equipe Blau Motorsports – pilotado por Marcelo Hahn/ Allan Khodair que teve um pneu furado bem na hora da largada, forçando a ida aos boxes quando o pelotão já estava partindo. A recuperação foi muito boa, sugerindo que poderiam ter lutado pela vitória nessa classe.

O BMW #15 acabaria por ser penalizado algumas horas depois quando foi foi verificado que o tempo guiado por Leo Sanchez foi inferior a 72 minutos – ele pilotou um total de 61 minutos (1 hora 1 minuto 2 segundos e 653 milésimos, precisamente) – e com isso a dupla foi penalizada em 21 minutos em sua totalidade (21 minutos, 14 segundos e 694 milésimos). Com isso, caíram de quinto para sexto na classificação da GT3.

O Mercedes da Autlog venceu a batalha contra os Porsches na GT4
(Foto: Bruno Terena)

Na GT4 o cenário era bem promissor para os dois Porsche 718 Cayman de números #21 e #718, mas o melhor ritmo do trio do Mercedes #31 da Autolog formado por Renan Guerra/ André Moraes Jr/ Marco Pisani surpreendeu os Porsche e levou a prova desta classe que foi bastante esvaziada – o outro GT4 presente, o BMW GT4 #64 da MC Tubarão com Victor Foresti/ Lucas Foresti/ Marco Tulio/ Henry Visconde, abandonou com apenas 14 voltas de prova. Eles ainda lutavam com a falta de ritmo de um carro que ficou um bom tempo parado por conta da falta de peças, ainda recorrente do acidente no Velopark. As segundas e terceiras posições nesta classe ficaram para os Porsche #21 e #718.

Amanhã acontecerá a 5ª etapa do Império Endurance Brasil, com mais uma prova de 3 Horas no forte calor de Goiânia.

sábado, 24 de junho de 2023

3 Horas do Velopark - Vitória da Motorcar com o Sigma

 

(Foto: Motorcar/ Instagram)


Esta etapa, a 3ª do Império Endurance Brasil, trouxe um ótimo cenário para um campeonato que tem sido bem equilibrado. A presença de três diferentes protótipos tendo dado as etapas uma certa imprevisibilidade e isso tira um pouco do centro o histórico favoritismo do protótipo AJR, que tem dominado o campeonato de forma ampla desde 2019. A presença dos Sigma e dos Ligier elevou a disputa a um bom patamar e isso foi bem visto nesta corrida.

O início desta indicava que o domínio poderia ter sido do Sigma #444 de Vitor Genz/ Vicente Orige/ Luiz Bonatti, que fez a pole e quebrou o recorde do curto autódromo do Velopark, quando conseguiu manter a ponta (numa largada feita em linha indiana, por questões de segurança que foi pedido pelos pilotos) e fez um bom início, mas cairia estranhamente para quarto após algumas voltas, possibilitando que o AJR #35 de Pedro Queirolo/ David Muffato assumissem a liderança - infelizmente, para eles, este seria o único momento de brilhantismo, já que sofreram com problemas no motor e sairiam da briga após a primeira janela de pit-stops.

Essa saída do AJR #35 deu ao novo Ligier JSP320 #9 da equipe Mattheis, conduzido por Xandinho Negrão/ Marcos Gomes, a oportunidade de brilhar logo na estréia deles no protótipo. Foi uma liderança sólida até que encontrassem no Sigma #444 um oponente a altura, travando um duelo espetacular quando Gomes defendeu como pôde a liderança o Sigma pilotado por Vicente Orige. Uma punição por atrapalhar um dos GT3 na sua primeira parada de box e mais tarde um disco de freio rachado, tirou o Ligier da disputa pela vitória. Foi uma estreia interessante para Xandinho e Gomes e assim que possível, com o Ligier bem ajeitado, certamente estarão na disputa. E o cartão de visitas foi bem dado.

Após assumir a liderança, o Sigma #444 conseguiu abrir uma grande vantagem e apenas administrou a diferença para o segundo colocado, especialmente para o Ligier #117 (Gaetano Di Mauro/ Guilherme Bottura) quando Di Mauro conseguiu subir para segundo e tentou alcançar o Sigma. O tráfego intenso, que torna-se natural por conta do traçado curto do Velopark, possibilitou que houvesse poucas oscilações entre os dois primeiros colocados, culminando numa importante vitória do Sigma da equipe Motorcar - para a fabricante foi um ótimo dia no Velopark, já que o Sigma #2 (Aldo Piedade/ Jindra Kraucher/ Sérgio Jimenez/ Marcelo Vianna) conseguiu subir para terceiro nos minutos finais após superar o AJR #35. Essa foi a segunda vitória do Sigma no Endurance Brasil e a terceira da história da marca.

Foi também uma das raras vezes onde não teve um AJR entre os três primeiros, já que o Ligier #117 terminou em segundo, mostrando uma nova - e competitiva - fase da Classe P1 que teve a sua terceira marca diferente a vencer nesta classe.


GT3 e GT4

(Foto: Império Endurance Brasil/ Instagram)


Foi aqui onde a disputa esteve extremamente acirrada. Houve uma situação onde o Mclaren #16 ( Marcelo Hahn/ Allan Khodair) apareceram bem, conseguindo liderar a prova por algum tempo. Porém, um problema em uma das portas os tiraram da briga da vitória.

Automaticamente essa disputa passou a ser entre os Mercedes #8 (Guilherme Figueroa _ Júlio Campos) e #27 (Ricardo Baptista/ Cacá Bueno) e o Porsche #55 (Ricardo Maurício/ Marçal Müller/ Marcel Visconde) - neste momento, a disputa estava acirrada a ponto de acontecer um toque entre o #55 e o #8, dando a chance ao #27 assumir a liderança. Mais tarde o Porsche #55 da Stuttgart Motorsport se saiu melhor depois que Ricardo Maurício assumiu a ponta sobre o Mercedes #27 no trecho final da prova, seguindo assim até a bandeirada.

Guilherme Figueroa e Júlio Campos terminaram em segundo, mas após a prova acabaram desclassificados por conta do acidente do BMW M2 #64 (Victor Foresti/ Lucas Foresti) quando houve um toque entre os dois carros em plena reta oposta. O BMW escapou forte, indo para a barreira de pneus e capotando, o que gerou a interrupção da prova com uma bandeira vermelha. Victor Foresti, que estava ao volante, saiu bem.

A desclassificação do Mercedes #8 fez o Mercedes #27 subir para segundo e o Mclaren #16 para terceiro.

O BMW #15 de Léo Sanchez/ Átila Abreu teve o radiador furado logo no início da corrida, forçando o abandono após 22 voltas.

Na GT4 a vitória também ficou para a Porsche com Tom Filho/ Marçal Müller vencendo com o #718 e na segunda posição o outro Porsche de #21 de Jacques Quartiero e Danilo Dirani - que estiveram na liderança da classe por um bom tempo.

Homenagem a Xandy Negrão

(Foto: Império Endurance Brasil/ Instagram)


Antes que prova tivesse seu início, teve uma bela homenagem à memória de Xandy Negrão que faleceu recentemente. O Mercedes que ele utilizou na campanha de 2019, onde foi campeão junto de seu filho, foi pintado com as cores de seu capacete e puxou o grid dessas 3 Horas do Velopark por duas voltas.

A corrida também foi batizada de GP Xandy Negrão.

Uma bela homenagem a um dos grandes nomes do nosso automobilismo.

A quarta e quinta etapa do Império Endurance Brasil voltará em setembro, com a rodada dupla em Goiânia com provas de 3 Horas e 4 Horas.

quinta-feira, 23 de março de 2023

GP da Arábia Saudita - Não é nada, mas...

(Foto: Red Bull/ Twitter)

 

Este GP da Arábia não foi nada mais que uma continuação do que vimos em Sakhir, quando a Fórmula 1 abriu a sua temporada e foi constatado que a Red Bull tinha uma vantagem considerável sobre os demais.

A ótima recuperação de Max Verstappen de 15° para 2° evidenciou isso e não há dúvidas de que, realmente, o seu terceiro título mundial - em sequência - pode acontecer com certa facilidade. Mas, por outro lado, os problemas mecânicos podem dar a equipe rubro-taurina alguma dor de cabeça, assim como o comportamento de seus dois pilotos.

Os problemas enfrentados por Max na qualificação, quando um semi-eixo quebrou e o deixou de fora do Q3, mostrou que este pode ser o único adversário real da equipe até que algum voluntário (olá Aston Martin) os desafie realmente. A parte final da corrida, com os dois pilotos reclamando de barulhos e problemas de freios, deixaram um ponto de interrogação sobre a confiabilidade mecânica de um carro que pode chegar ao olimpo dos melhores da categoria.

Outro detalhe que ficou em evidência é que os pilotos chegaram a certeza de que realmente tem o melhor equipamento e a distância para os demais é o suficiente para que possam se jogar numa batalha. Sergio Perez chegou a uma importante vitória, visto que ainda estamos no início do mundial e aproveitando-se bem da falha mecânica de Max para faturar essa. As voltas finais com os dois pilotos tentando marcar o território foi interessante, mas claramente não sairiam satisfeitos totalmente: enquanto que Sergio não gostou nada de ter ficado sem a melhor volta, entendendo que a equipe não lhe deu total parâmetro da condição de Max, este último acredita que poderia ter chegado à vitória caso a Red Bull não tivesse controlado tanto por temer uma quebra.

A verdade é que este duelo pode até mesmo acontecer em algumas etapas, mas sabemos que Sergio Perez está um degrau - ou até mesmo dois - abaixo de Max e isso trará sérios problemas para que ele desafie o principal piloto. Porém, é sabido também, que Sergio costuma ter um desempenho às vezes parelho com Max quando as corridas são realizadas em pistas urbanas e isso nos leva as duas próximas corridas que serão neste tipo de circuito: Melbourne, Baku e Miami são três pistas que podem ajudá-lo neste confronto. Mesmo que ele não vença, uma chance de tentar incomodar Max é real a partir do momento que consiga andar próximo, cravar uma pole, uma melhor volta (na derradeira passagem) e até mesmo vencer, daria ao piloto mexicano uma condição de sair fortalecido psicologicamente frente a um piloto que parece não se abalar fácil.

Por outro lado, caso seja derrotado impiedosamente (o que pode acontecer facilmente), o seu sonho de tentar beliscar algo a mais para o final do mundial, ficará apenas no desejo.

Será interessante observarmos o andamento do florescer desta possível batalha por estas três corridas.

Para os demais

Não há dúvida que a Aston Martin seja a terceira força deste campeonato. Arriscamos dizer que, caso Lance Stroll não tivesse quebrado, a chance dele pegar o quarto posto logo após de Fernando Alonso era grande. O ritmo imposto pelo piloto espanhol no final da corrida, quando foi comunicado da confusa punição, mostra o quanto que este carro é muito bem nascido: Alonso estava 4.3s a frente de Russell e em duas ou três voltas conseguiu subir para 5.1s e, momentaneamente, se livrar da possível punição - antes que os comissários entrassem em cena para realizar uma das mais patéticas punições dos últimos anos.

Enquanto que a Aston Martin mostrava que também tem a sua força, Mercedes e Ferrari continuavam a tentar se achar: a equipe anglo-saxônica fez um GP decente com seus dois pilotos, mas ficava claro que não teriam força para brigar contra a Aston Martin, mas tinham um ritmo bem melhor que a sua rival Ferrari que teve em Charles Leclerc um ritmo inicial muito bom, mas que depois ficaria estagnado. A alta degradação dos pneus tem sido, até aqui, o terror dos italianos.

Em relação as demais equipes, a Alpine teve um bom andamento com seus dois pilotos e a Haas sorriu um pouco com o ponto conquistado por Kevin Magnussen numa das poucas batalhas que essa corrida proporcionou, quando ele desafiou Yuki Tsunoda pelo décimo lugar. E se há alguém para chorar é a Mclaren, que teve um brilho com a ótima qualificação de Oscar Piastri e depois com um ritmo pífio no decorrer do GP.

Os próximos GPs serão bem interessantes, a partir do momento que haja alguma ação da parte que mais alimenta esperança. 

segunda-feira, 6 de março de 2023

GP do Bahrein - Ainda é cedo, mas...

 

A largada do GP do Bahrein, que abriu a temporada 2023 da Fórmula 1


Essa abertura do Campeonato Mundial de Fórmula-1 deixou uma impressão que chega soar como algo de doido: em que prova que Max Verstappen e Red Bull vão sacramentar os dois campeonatos? A superiodade deste duo nos faz regressar a momentos clássicos como 1992 com Nigel Mansell/ Williams ou 2004 com Michael Schumacher/ Ferrari.

É um exagero, afinal apenas o primeiro passo foi dado em Sakhir, mas esta impressão fora do eixo ainda no começo é por conta de equipes que deveria estar na cola deles, terem iniciado o campeonato batendo cabeça com seus bólidos: Ferrari e Mercedes ainda precisam desvendar - ou arrumar - suas crias para que possam desafiar o poder de fogo mostrado pelos rubro-taurinos.

A Ferrari é que pode, neste momento, conseguir algo frente a Red Bull, mas precisará lidar com o desgaste de pneus que apareceu bem acentuado neste GP e ficar de olho nos problemas que apareceram no motor de Charles Leclerc, que abandonou a corrida quando era terceiro por conta de falha elétrica - e claro, ter uma melhor organização nas estratégias e isso foi algo que, a princípio, parecem ter feito de modo correto nesta corrida.

O caso da Mercedes é bem mais complexo: ao que tudo indica, acordaram do seu conto de fadas sobre o zeropod e agora já estão no trabalho para entradas de ar convencionais. Isso sugere que o trabalho será ainda mais árduo que ano passado com o filho rebelde W13. Porém, é algo que dá a impressão de que já estavam esperando que não fosse resultar em grande coisa e por isso já estavam trabalhando em laterais convencionais. De toda forma, esperar algo deles ainda nessa primeira parte do mundial, soa como um verdadeiro devaneio.

Se estas estão perdidas, a Aston Martin, entra de forma positiva nesse balaio e até com vantagem sobre a Mercedes deixando uma boa impressão. O trabalho fabuloso feito por Fernando Alonso e o esforço de Lance Stroll, mostram que o projeto do AMR23 é algo a considerar e ser acompanhado com atenção para ver até onde a equipe pode chegar. Se as atualizações forem corretas, é uma equipe pode tentar beliscar uma vitória em alguma corrida tresloucada.

Falando do restante do pelotão, fica claro que aquele meio está bem bagunçado onde uma corrida é outra pode aparecer equipes para serem a melhor do resto. Times como a Mclaren, Alpine e Alpha Tauri, que deveriam ser as líderes do segundo escalão, não apresentaram grande coisa nessa prova de abertura. Quem devemos observar com atenção é a Williams, que já salvou um ponto logo de cara e teve um rendimento honesto e que nos faz pensar que podem, enfim, passar a lanterna do fundão para outro time.

A verdade é que a próximas duas provas, na Arábia Saudita e Austrália, nos dará uma visão mais clara de onde cada equipe possa estar.

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

GP de São Paulo - Redescobrindo a energia de Interlagos

 

George e Lewis festejando com a galera em Interlagos: a energia caótica de sempre
(Foto: F1 Twitter)

A última vez que eu havia pisado os pés em Interlagos em um dia de Fórmula-1, foi no histórico GP de 2008 que ficou marcado pela fabulosa decisão entre Felipe Massa e Lewis Hamilton que acabou pendendo para o britânico nos metros finais daquela corrida. 

De lá para cá, Lewis elevou a conta para incríveis sete títulos; Felipe Massa, Rubens Barrichello, Nelson Angelo Piquet, Lucas Di Grassi, Bruno Senna e Felipe Nasr encerraram as sua participações na categoria; Jenson Button e Nico Rosberg conquistaram seus campeonatos; Sebastian Vettel varreu os campeonatos de 2010 à 2013; Max Verstappen tornou-se campeão mundial. Enfim, muita coisa mudou neste meus 14 anos de ausência. 

No entanto, foi bom ver o nosso autódromo novamente efervescente em dias de Fórmula-1 sem ter um piloto brasileiro no grid, mas tendo adotado Lewis como um filho nosso após a apoteótica conquista de 2021 que teve como momento maior ele empunhando a bandeira brasileira num gesto que tão bem conhecemos. Para quem não tinha visto, foi um máximo. Para nós, os saudosistas, foi um resgate momentâneo de uma das grandes imagens que guardamos com carinho de um era onde "Éramos Reis". 

Mas a sina principal dessa senhora pista de 82 anos tem sido de proporcionar a todos momentos espetaculares e que ficaram cravados nas nossas retinas, como se fosse um grande filme digno de recorde de bilheteria. 

O melhor de tudo, nessa saga que tem sido nos últimos anos, é que Interlagos passou a ter o poder de decidir quem deve ganhar a corrida, assim como seus co-irmãos mais velhos como o Indianápolis Motor Speedway, Autodromo Nazionale de Monza, Le Mans e por aí vai. A cada ano que passa fica claro que aqui é um lugar perfeito para que voltasse a encerrar o campeonato.

Lugares assim são mágicos e a velha Interlagos de guerra tem feito para entregar aos fãs e pilotos a melhor experiência possivel. 

Magia pura. Só isso!


Russell, o dono das tardes em Interlagos

Um final de semana dos sonhos para o jovem inglês
(Foto: Mercedes Twitter)

O mais interessante de tudo é que George Russell marcou presença nos três momentos cruciais deste 2º GP de São Paulo: a sua escapada na freada no final da Reta Oposta, quando encontrou uma pista bem escorregadia por conta da chuva que estava bem mais forte, decidiu as coisas à favor de Kevin Magnussen para que o dinamarquês conseguisse largar da pole na corrida Sprint. 

Na Sprint - que relatada aqui por este que vos escreve - Max e George superaram Magnussen ainda nas primeiras voltas e o piloto britânico não deixou o bicampeão escapar em nenhum momento, mostrando uma incomum combatividade até conseguir ultrapassar Verstappen e despachar o piloto da Red Bull para uma vitória convincente numa bela tarde de sol em Interlagos.

O domingo prometia uma disputa até interessante: será que a Red Bull, que havia tido um desempenho abaixo do esperado, reagiria? As respostas começaram a ser respondidas com a ótima largada de George Russell seguido por Hamilton e logo em seguida Max. O acidente entre Daniel Ricciardo e Kevin Magnussen no Pinheirinho forçou a entrada do SC e após a relargada foi a vez de Lewis e Max reviverem a rivalidade de 2021 com um entrevero que custaria 5 segundos para Verstappen e futuramente uma chance de vitória de Hamilton, com os dois caindo na classificação. 

Para George restou apenas manter-se a frente e controlar algum avanço que Sergio Perez pudesse fazer. Num ritmo impecável e com a corrida na mão, ele apenas administrou a diferença que o separava de Hamilton - que fez uma belíssima recuperação - para conseguir uma emocionante primeira vitória na F1 e também da Mercedes nesta temporada, que aparentava ser desastrosa por conta do temperamental W13. 

"À minha família, meus amigos, meus companheiros de equipe e a todos que estiveram nesta jornada, obrigado. Não consigo colocar em palavras o quanto o seu apoio significa para mim e o quanto foi um esforço conjunto. Essa vitória é tanto sua quanto minha. Fizemos isso, juntos. Estou tão orgulhoso de todos vocês.". A fala de George, publicada em seu Twitter, expressa o que há de melhor quando alguém chega no seu objetivo, que é agradecer a todos que possibilitaram chegar neste momento."

Russell tornou-se o sexto piloto a vencer pela Mercedes na F1 (juntando-se a Juan Manuel Fangio, Stirling Moss, Nico Rosberg, Lewis Hamilton e Valtteri Bottas) e o quarto britânico a vencer pela marca alemã em provas de monoposto junto de Richard Seaman, Stirling Moss e Lewis Hamilton.


Os demais...



Lewis Hamilton era um dos que poderiam ter desafiado George naquela tarde de tempo instável em Interlagos, não fosse o enrosco com Max Verstappen logo após a relargada: uma dividida na segunda perna do S do Senna causou alguns estragos para os dois rivais, os jogando para o meio do pelotão. Se para Lewis custou a chance de disputar a vitória, para Max foram cinco segundos ganhos como punição pelo enrosco. Foi o revival dos inúmeros enroscos que estes dois proporcionaram na eletrizante batalha de 2021.

Com uma escalada entremeada pelas paradas de boxe, Hamilton ficou oscilando entre 1,5 a 2 segundos de George sem nunca ter a chance de entrar na zona de detecção do DRS e nem mesmo o uso de asa de menor arrasto, que lhe proporcionava 5km/h a mais que Russell, deu condições para tentar a manobra - já que seu companheiro de Mercedes usava uma asa com maior carga que o ajudava na parte sinuosa de Interlagos. Lewis acabou em segundo, testemunhando a conquista de seu pupilo pela segunda vez naquele final de semana.

Max Verstappen, como já dito antes, não teve o melhor final de semana que todos pensavam. Mesmo se recuperando a fórceps, ainda teve uma rusga das grandes com seu companheiro Sérgio Perez por conta da ultrapassagem que fizera sobre ele já na parte final da corrida. Para o mexicano, que teve uma atuação bem abaixo nas duas provas, a não devolução da posição acabou custando pontos que poderiam ter lhe ajudado na disputa pelo vice contra Charles Leclerc e isso causou um tremendo mal estar na Red Bull. Com a devida rapidez, os panos quentes foram colocados e logo saíram as notícias de que Verstappen faria o que fosse possível para ajudar Perez a chegar ao segundo lugar do campeonato em Abu Dhabi. Porém, sabe-se lá o que vai acontecer no enjoado circuito de Yas Marina...

Falando em rusgas, o clima na Alpine não foi dos mais agradaveis após o toque entre Alonso e Ocon em plena reta dos boxes quando o espanhol tentou passar pelo francês durante a prova Sprint, o jogando para o fim do pelotão. De qualquer forma, foi interessante ver o bicampeão remar da 17ª posição e conquistar um impressionante quinto lugar nos brindando com um ritmo de prova alucinante. Aí sempre ficará a boa e velha pergunta: o que seria dele com um carro competitivo ali entre as três grandes.

Charles Leclerc foi um dos que sofreram com toques na corrida quando se enroscou com Lando Norris no contorno do Laranjinha, ao ser jogado contra a barreira de pneus. Por sorte o Ferrari saiu inteiro e ele pôde voltar para, também, escalar o pelotão e chegar num ótimo quarto lugar. Vai para Abu Dhabi empatado com Sergio Perez em 290 pontos na luta pelo vice-campeonato.

Assim como tem sido corriqueiro, Interlagos entregou o que tem de melhor para seus fãs: emoções em doses bem generosas.

A velha Interlagos de sempre nunca decepciona.

sábado, 12 de novembro de 2022

GP de São Paulo (Sprint Race) - Interlagos e sua sina

 

(Foto: Mercedes F1/ Twitter)

É até repetitivo dizer que Interlagos tem uma magia especial, mas mesmo procurando palavras diferentes para expressar os nosso sentimentos a aquela senhora pista de 82 anos é difícil não citar a mágica que aquela pista exala.

Foi ontem na qualificação para a Sprint Race com a inédita - e impressionante - pole de Kevin Magnussen que se beneficiou da leve chuva que caiu no final do Q3 para conquistar a posição de honra na Sprint Race deste sábado. 

A propósito: Interlagos nos brindou com duas Sprint Race magníficas, já que ano passado foi o palco da primeira grande recuperação de Lewis Hamilton - abrindo um final de semana apoteótico para ele - e a deste ano, onde a surpresa com a pole de Magnussen já era um atrativo. 

O dinamarquês teve uma boa largada e ótimo andamento nas duas primeiras voltas, mas sabia-se que seria difícil segurar o ímpeto do bicampeão Max Verstappen - que logo assumiria a ponta. Porém, a velocidade e ritmo de George Russell, com um W13 que resolveu fazer suas graças nesta parte final de campeonato - mostrou que a batalha pela vitória seria real quando ele também despachou Kevin e ficou no encalço de Max por um bom tempo.

Do mesmo modo, podemos ver Lewis Hamilton escalando desde a sua oitava posição para ficar entre os 4 primeiros e esperar por algum presente dos Deuses. Mas este parecia estar reservado a  Russell que se aproximava ainda mais de Max ao ponto de emparelhar em algumas oportunidades. 

Foi numa dessas que ao aproveitar-se de uma rara velocidade do W13 - que tanto dificultou os Mercedes após a eliminação do porpoising  - para ganhar a primeira posição de Max e disparar na liderança. 

Um irreconhecível Max precisou lutar contra a Ferrari de Carlos Sainz, a ponto dos dois se tocarem na segunda perna do S do Senna, quando Carlos mergulhou para ultrapassar e assumir a segunda posição. 

Isso possibilitou a chegada de Hamilton para reeditar algumas das batalhas de 2021 contra Max. O inglês aproveitou-se de sua ótima velocidade e dos problemas enfrentados por Max, para efetuar a ultrapassagem em plena reta dos boxes e assumir o terceiro lugar.

Foi uma festa e tanto essa primeira conquista de George Russell -  mesmo que ainda tenha sido numa Sprint Race - um piloto de que se espera muito. Sainz salvou o dia para a Ferrari e Lewis levou a outra Mercedes para o pódio, completando a festa das Silver Arrows no autódromo paulistano.

E pensar que ainda tem mais amanhã e Interlagos já entregou tanto.

Que lugar fantástico!

4 Horas de Goiânia - Uma estreia e tanto para Renan Guerra e Marco Pisani

Um inicio promissor: Marco Pisani/ Renan Guerra vencendo na estreia deles com Ligier e na classe P1 (Foto: Bruno Terena) O autódromo de Goiâ...